domingo, 18 de julho de 2010

O ultimo cigarro de Baião...

São duas as coisas que não podemos recusar a um condenado: o último cigarro que não chegará a apagar e vagas ideias de esquerda que nunca quis cumprir.
Nós que costumamos ter o dom para lhes tirar a pinta, ao fim deste tempo todo ainda não conseguimos perceber o que move o srº Baião na política autárquica. Juramos por tudo. Será o gosto narcísico pelo poder mas há ali pouco culto da personalidade (talvez porque disfarce melhor que outros. Para o carreirismo puro faltam os traços de ambição desmedida (talvez porque seja bem medida a ambição, que sempre saltou à vista com exuberância. Para uma ética de serviço público faltam os sinais de genuína preocupação com as pessoas e não da sua pessoa (outros tinha essa ética, no caso de extracção católica). Para uma agenda ideológica em fundo falta-lhe ideologia (a atracção pela terceira via é mais uma omissão ideológica em favor de uma vassalagem aos rigores do culto da personalidade; a pose de esquerda é isso mesmo: uma pose).
Com isto tudo, mais complicado fica perceber o que move o srº Baião para acabar um mandato em que o gosto pelo exercício do poder deverá ter atingido inédita nulidade: sabe que lhe resta gerir o caos em que está mergulhado e os efeitos colaterais de uma crise que em breve o vai obrigar a ter de aplicar medidas impopulares dentro da sua autarquia para quem neste momento o segura, são os ossos de quem é nulo, sabe que é um presidente orgulhosamente só e ao mesmo tempo reclamando-se seu orgulhoso sucessor.
Bem, poderão dizer-nos que o move a responsabilidade de não pôr em causa a estabilidade da autarquia que tão vigiada de perto tem sido. Sinceramente, não lhe adivinhamos tamanhos pruridos. Assim sendo, restam duas hipóteses:
1) Ou Baião anda entretido a tentar tirar fotocópias imitando o zelo de tentar limpar a casa cada vez mais suja.
2) Ou então faz questão de fumar longamente os últimos bafos do poder enquanto aproveita para dizer, enfim, umas coisas que lhe podem ficar bem como no caso do ultimo relatório da actividade da autarquia embora todos saibamos que a autoria do mesmo não lhe pertence, mas já é um principio.
Afinal, são duas coisas que não podemos recusar a um condenado: o último cigarro que não chegará a apagar, e algumas ideias de esquerda que nunca quis cumprir.
E quanto a nós vamos andando por ai de olho bem aberto como convém...
P.C.P.