quarta-feira, 28 de julho de 2010

Autoeuropa tem um ano para encontrar um novo modelo…


(Jornal Público -20/07/2010)

António Melo Pires vai ser o primeiro português à frente da fábrica da Volkswagen situada em Portugal e tem pela frente o difícil desafio de assegurar a sustentabilidade da empresa

Conseguir um quarto modelo automóvel da Volkswagen para ser produzido na Autoeuropa vai ser o principal desafio que António Melo Pires, anunciado ontem pelo grupo como novo director-geral da fábrica de Palmela, irá ter pela frente.
A tomada de posse daquele que será o primeiro director-geral português da fábrica, e que vem substituir o alemão Andreas Hinrichs, está marcada para dia 1 de Setembro, anunciou ontem em comunicado o grupo Volkswagen. A partir dessa data, António Melo Pires irá ter cerca de um ano para conseguir um quarto modelo, "no máximo até ao final de 2011", acredita o coordenador da Comissão de Trabalhadores, António Chora.
Em causa está a necessidade de se conseguir "uma capacidade desejável" para a fábrica portuguesa, mantendo dessa forma o número de trabalhadores e integrando os actuais precários (no total, os dois grupos rondam os 3300 postos de trabalho), lembra António Chora. Com a vinda do nova versão da monovolume Sharan para Palmela, garantida este ano, a fábrica deverá montar uma média de 500 viaturas por dia a partir de Setembro, incluindo os restantes modelos Eos e Schirocco. A meta da direcção mantém-se em 100 mil viaturas até ao fim de 2010. Neste momento, a produção está 15 por cento acima do ano passado, quando a unidade de Palmela foi fortemente afectada pela crise do sector automóvel.
No entanto, um quarto modelo é prioritário para subir a produção da fábrica para 160 mil unidades por ano, próxima da actual capacidade (que ronda 180 mil unidades). Este novo veículo faz também falta, nota o mesmo responsável, para assegurar os níveis de laboração quando o Eos e o Scirocco, dois modelos que já são fabricados em Palmela há vários anos, saírem de produção, ainda mais na actual situação do mercado. A recente descida de vendas do Eos na Europa obrigou recentemente a empresa a rever os planos de produção deste cabriolet.
Além de continuar a busca de novos modelos para a fábrica, prioridade que estava nas mãos do ainda director-geral Andreas Hinrichs - que irá para administrador da Volkswagen Brasil - Melo Pires vai ter ainda de corresponder às grandes expectativas do grupo.
Escolha da Volkswagen
"É uma grande novidade o facto de ser o primeiro português e o facto de ter sido escolhido é porque é de uma grande competência. Esta foi uma escolha da inteira decisão da casa-mãe", afiança uma fonte oficial da fábrica de Palmela.
O novo director-geral tem 52 anos e não é totalmente estranho à Autoeuropa. Bem pelo contrário: nasceu em Setúbal e entrou para os quadros da unidade de Palmela em 1992, quando esta começou a recrutar trabalhadores (a empresa iniciou produção só em 1994), depois de se licenciar em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico e de ter trabalhado na área de Engenharia Aeronáutica na Força Aérea. Durante 11 anos manteve-se na fábrica, onde teve funções de chefia na área de prensas e carroçaria. Em 2003, Melo Pires passou para a fábrica espanhola do grupo em Navarra, para dirigir a área de carroçarias. Três anos depois, mudou-se para o Brasil, para a fábrica de São Bernardo do Campo (estado de São Paulo), para dirigir a área de produção. Actualmente, e desde 2007, era director-geral de uma das cinco fábricas do grupo Volkswagen no Brasil, a unidade de São José dos Pinhais, em Curitiba (capital do estado do Paraná, no Sul do país).

Os Alemães não brincam em serviço!!…

P.C.P.