terça-feira, 12 de julho de 2011

Bancarrota? Os casos absurdos de desperdício...

Exemplos da economia grega podem ajudar a explicar como é que o país chegou ao buraco onde se encontra

Quando se começam a ouvir os casos, é fácil perceber como é que a Grécia chegou à bancarrota: com incontáveis exemplos de despesas despropositadas. Quer alguns? Aqui vão: 45 jardineiros para quatro arbustos, 50 motoristas para um carro oficial e preservação de um lago seco há quase um século.

Os casos são elencados por uma enviada especial do jornal espanhol «El Mundo». O primeiro diz respeito a um hospital público de Atenas, o hospital Evagelismos, que tem à entrada quatro singelos arbustos, para os quais foram contratados 45 jardineiros. Um claro exagero, apesar de o hospital terminar ano após ano com resultados negativos, o que obriga o Estado grego, o tal que está na bancarrota, a injectar mais dinheiro na instituição.

Há também o caso do carro oficial, um único, que conta com 50 motoristas, concentrados em alguns departamentos da Administração Pública.

Mas há outros exemplos ilustrativos: a Grécia paga uma pensão vitalícia de mil euros mensais a 40 mil jovens, só pelo facto de serem filhas solteiras de funcionários públicos falecidos. A regalia custa aos cofres públicos a módica quantia de 550 milhões de euros ao ano. A austeridade veio alterar este estado de coisas: a partir de agora, esta pensão só será paga até aos 18 anos.

Gostávamos de ficar por aqui, mas os casos continuam: as famílias de 4.500 mortos não comunicaram os respectivos óbitos à Segurança Social, para continuarem a receber as pensões de reforma dos defuntos. O truque custa ao Estado 16 milhões de euros anuais.

Mas no que toca a reformas, a coisa não fica por aqui. Na Grécia, milhares de trabalhadores beneficiaram de reformas antecipadas, cujas idades estão fixadas nos 50 anos para as mulheres e nos 55 para os homens, por pertencerem a uma das 600 categorias profissionais consideradas especialmente extenuantes. Entre elas estão, por exemplo, os cabeleireiros, músicos que tocam instrumentos de sopro e apresentadores de televisão.

Para fechar a lista de exemplos (elucidativos), a chave de ouro: o Estado grego mantém um instituto dedicado à conservação do Lago Kopais, ao qual atribui uma verba anual e onde continuam a trabalhar varios funcionarios. Tudo muito bem, não fosse o facto de o lago em causa ter secado¿ há 81 anos (em 1930).

Tudo isto num país onde, segundo cálculos do próprio Ministério do Trabalho, um em cada quatro gregos não paga nem um cêntimo de impostos.

Isto pode ajudar a explicar a dívida de 340 mil milhões de euros, acumulada pela Administração Pública grega.