quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Presidente da Junta de Freguesia de Palmela em Entrevista


O prometido é devido e hoje temos na integra a entrevista do presidente até ver da junta de Palmela ao nº 2 da publicação "ARRABALDE" como era de esperar uma entrevista vazia de espírito e de obra por parte da falida Junta de Freguesia de Palmela.

Fernando Baião convicto de que «a dinamização do Centro Histórico vai ser uma realidade»

O contacto directo com os fregueses e também ele criado nas ruas do Centro Histórico, Fernando Baião é rosto dos anseios e expectativas da população para este programa que, acredita, vai promover «uma transformação muito grande em Palmela». Ao “arrabalde”, confessou a sua curiosidade para ver concluídas intervenções como o Espaço Cidadão (que acolherá a Junta) ou o Parque Venâncio Ribeiro da Costa e recordou memórias de outros tempos, que lhe deixaram saudades.

arrabalde – A Junta de Freguesia é umas das entidades parceiras da Câmara Municipal no Programa de Recuperação e Dinamização do Centro Histórico. Enquanto Presidente da Junta e, também, enquanto munícipe, quais são as suas expectativas?

Fernando Baião – A dinamização do Centro Histórico vai ser importantíssima. Se calhar, peca um bocadinho por tardia, porque os munícipes querem ver as obras começarem.
A Junta sabe que vão começar e com isso não temos qualquer problema, mas eu sinto, ao falar com os moradores, que eles estão um bocadinho receosos e perguntam quando é que começam as obras.
Mas vai ser uma realidade muito em breve… não vai resolver, totalmente, o problema do Centro Histórico, mas dará uma ajuda muito boa. Aproveito para dar os parabéns pela saída do “arrabalde”, com um nome que eu considero muito digno, porque o arrabalde faz parte da história desta zona.

a. – Dentro das acções em curso, o Espaço Cidadão é um dos projectos que acompanha com maior atenção?

F.B. – Exacto, o Espaço Cidadão toca, muito directamente, a Freguesia. Como sabem, nós não
temos sede própria e na candidatura ao QREN foi previsto termos ali a nossa sede e apoiar também, outras manifestações da freguesia, do município, dos parceiros. Assim que esteja concluído, nós vamos logo para lá e estamos mesmo desejosos de que aconteça, o mais rapidamente possível.
Vamos dar animação ao Largo do Mercado e vamos criar maneira de chamar lá as pessoas, com exposições e eventos.

a. – Uma das principais preocupações nos Centros Históricos é a saída das pessoas para outros
núcleos urbanos e a dificuldade em chamar quem ainda lá está a participar nos processos de
recuperação. Do seu conhecimento sobre a vila, acredita que as pessoas estão disponíveis?

F.B. - A Câmara Municipal tem feito uma dinamização boa, com as “Conversas de Poial”, com os “Percursos da Água”, e a população tem aderido muito bem. As Marchas Populares foram ao Centro Histórico à noite e as pessoas ficaram satisfeitas, e têm havido espectáculos no Terraço do Mercado. Estas iniciativas são importantes para chamar e envolver as pessoas e o Movimento Associativo também tem uma palavra a dizer. As duas sociedades centenárias estão a trabalhar muito bem e é importante que, de vez em quando, dêem um saltinho ao Centro Histórico. Depois das obras, com o Espaço Cidadão arranjado, com exposições, eu acho que a gente consegue chamar cada vez mais pessoas à zona velha. Parece-me, até, que as coisas estão a compor-se, começo a ver mais gente nova.

a. – Enquanto palmelão, nascido e criado no Centro Histórico, que memórias é que guarda?

F.B. – Dos tempos em que morei no Centro Histórico, guardo as memórias de um jovem que começou muito cedo no mundo do trabalho. Com 11 anos, fui vender tabaco para o Sr. Canuto Machado, pela vila toda, pelas tabernas e cafés. Trabalhei para o Sr. João de Sousa, na Travessa das Oliveiras, numa adega. Com 14 anos, fui para o Carlos Martins de Sousa, para uma drogaria e mercearia. Os meus pais também tinham uma taberna no Largo do Município, onde estiveram 13 anos, portanto, conheço o Centro Histórico muito bem e tenho saudades desses tempos. A gente tinha as portas sempre abertas, não havia portas fechadas… Muito bem faz a Câmara com as “Conversas de Poial”… as pessoas sentavam-se nos poiais à noite, a falar umas com as outras. Depois de um dia de trabalho, iam para as tabernas, havia outra convivência.

a. – Na sua opinião, o que é que levou à mudança?

F.B. – Eu morei no Centro Histórico há mais de cinquenta anos e as ruas são as mesmas, só que estávamos ali, morávamos ali todos. Agora há fóruns e shoppings… nós também tínhamos o shopping da Rua Hermenegildo Capelo, onde havia tabernas, sapateiros, regatearias, drogarias, barbeiros – havia de tudo. Com a transformação do mundo, e de Palmela também, as pessoas começaram a sair para outros lados e descaracterizou-se um bocadinho o Centro Histórico. Vamos ver se, com o arranjo, é possível aos senhorios procurarem programas de apoio e tentarem, também, fazer obra, porque a autarquia não pode fazer, como sabem, e há muita casa degradada. Lanço daqui um apelo para que tentem arranjar as casas e os bens que lhes pertencem para conseguimos trazer mais pessoas para o Centro Histórico, para dar mais vida à zona.

a. – Além das intervenções que já estão no terreno, grande parte das obras estão previstas
para o início de 2012. Prevê um Inverno difícil?

F.B. – Vão começar as obras, mas atenção que vai haver lama, vai haver pó, vão haver buracos e tudo leva o seu tempo. Aproveito para pedir um bocadinho de paciência e compreensão aos munícipes, porque será passageiro e quanto mais rápido começar, melhor. Vamos ficar com grande parte do Centro Histórico em condições para receber quem quer que
nos visite.

a. – Além do Espaço Cidadão, e depois de ter assistido à apresentação pormenorizada dos projectos, no âmbito da Semana descentralizada, dedicada à freguesia, qual é a intervenção
que o deixa mais curioso?

F.B. - Estou com vontade de ver todas as obras concluídas mas, além do Espaço Cidadão, estou muito curioso para ver a Esplanada do Castelo (com o Circuito de Manutenção e com todas as transformações que vai ter), o Largo do Município e a Alameda D. Nun’Álvares Pereira. No fundo, estou ansioso para ver tudo porque nós vivemos isto, nascemos cá, temos um grande amor a Palmela. Sei que as pessoas vão ver uma transformação muito grande em Palmela e vão ficar, com certeza, radiantes e muito satisfeitas.

“Parece-me, até, que as coisas estão a compor-se, começo a ver mais gente nova.”

“nós também tínhamos o shopping da Rua Hermenegildo Capelo"